quarta-feira, 3 de junho de 2009

Mentira tem perna curta

Por Fabrício Ângelo

A palavra Greenwashing tem sido usada pelo mercado publicitário há alguns anos. O termo é um neologismo que traduz antigas práticas de desinformação disseminadas por algumas organizações, ou seja, manipulação de informação de forma a favorecer a imagem da empresa - geralmente com relação ao meio ambiente. O tema foi debatido no painel “Projetos mobilizadores e comunicação estratégica”, do Seminário de Marketing Sustentável.

Segundo Davis Tenório, sócio presidente do grupo Eco Negócios Sustentáveis, um dos debatedores, esse pode ser o fim de muitas empresas. “No mundo de hoje o consumidor está atento aos passos das empresas; não adianta ser o que não é pois, mais cedo ou mais tarde, a farsa é descoberta”, disse.

Para Tenório, nenhum empresário pode pensar em manter seu negócio sem ter como base três pilares: o social, o ambiental e o econômico. “Para tentar manter essa imagem de bom moço, gasta-se mais com a propaganda do que com a ação; esse tipo de atitude tem de acabar; as tecnologias estão levando mais transparência às relações entre empresa e público, quem não se der conta disso está com os dias contados”.

Ainda na opinião de Davis Tenório, deve existir um cuidado, principalmente por parte da mídia, para que o termo sustentabilidade não se torne cansativo. “Hoje todo mundo se denomina sustentável, pois é o conceito da moda. Mas, como já disse, o consumidor está atento a tudo e a troca de informações entre as pessoas está mais eficiente”, declarou.

Ricardo Voltolini, Publisher da revista Ideasocioambiental, outro painelista, acredita que a técnica de maquiar ações sociais está sendo extinta e abominada pela mídia. “A empresa que hoje se dispõe a fazer Greenwashing está sacramentando a extinção de sua marca futuramente!”. De acordo com Voltolini, até 2006 o conceito de sustentabilidade só era conhecido por ambientalistas, pesquisadores e algumas empresas que estavam a frente do seu tempo. “Hoje podemos dizer que a questão ambiental virou papo de botequim, graças, principalmente, ao sensacionalismo da divulgação do Relatório do IPCC em 2006”, afirmou.

Mesmo assim, em sua opinião, o aumento da percepção da necessidade de trabalhar pelas causas sociais e ambientais não é suficiente. “Isso só está acontecendo por medo ou culpa, pois estamos aprendendo a duras penas que ou mudamos nosso modo de consumo ou os recursos se acabarão”, salientou Ricardo.
Ele reconhece que várias empresas já começaram a pensar suas estratégias de maneira sistêmica, preocupando-se não apenas com o produto mas com toda a sua cadeia de produção. “Quando a empresa ouve o que o público pensa ela mostra que não quer ser sustentável apenas como um diferencial politicamente correto, mas como pré-condição de sua atuação. A gestão sustentável de produção será daqui a alguns anos como um controle de qualidade obrigatório”, concluiu.

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