quinta-feira, 4 de junho de 2009

Site abre espaço para reclamações comunitárias

Por Glória Vasconcelos

Criar uma rede que una as reclamações dos cidadãos, tendo na outra ponta um político ou uma ONG capaz de resolver o problema é a missão a que se propôs o site Cidade Democrática, um projeto do Instituto Seiva, expositor da Feira de Marketing Sustentável. O site está no ar há pouco mais de um mês e é aberto para qualquer pessoa que queira apontar um problema coletivo, da cidade ou de esfera estadual ou federal. O site agrupa as reclamações por temas, pessoas ou territórios. De acordo como Rodrigo Bandeira de Luna, coordenador do projeto, "essa é uma ferramenta de participação social, porque, embora as pessoas não se relacionem entre si, elas podem adicionar um problema ou dar apoio para um que já foi adicionado. Desta forma, o usuário se solidariza com o problema do outro. É a principal diferença entre o Cidade Democrática e um site de relacionamentos, como o Orkut, por exemplo".

Segundo Rodrigo, o site serve para identificar as demandas locais, como por exemplo, um buraco na rua, que pode ter mobilizado os moradores na busca de solução, mas que não encontrou resposta adequada. Há casos em que a adeção pode ser grande, como uma demanda por um hospital, em uma cidade, por exemplo. Os problemas mais graves e com mais participação pública o Cidade Democrática encaminhará para o poder público, na busca por solução. “Este ano queremos mobilizar as pessoas e, a partir do final do ano, começar a levar essas reclamações para os órgão competentes”, diz Bandeira. Além disso, todos os apoios que uma reclamação receber serão comunicados ao seu autor, por e-mail, com os comentário do apoiador. Rodrigo acha que o site será uma ferramenta importante para a identificação dos problemas locais e a montagem de uma agenda dos principais problemas de cada cidade.

Debate intenso mostra a consciência dos profissionais de marketing e comunicação

Por Fabrício Ângelo

Encerrou hoje, em São Paulo, a Feira e Seminário Marketing Ambiental, promovida pela Unomarketing, na Fecomércio. Cerca de 1.500 profissionais de comunicação e marketing tiveram a oportunidade de ouvir e debater, durante três dias, sobre as conseqüências e os novos modelos de gestão comunicacional em busca da sustentabilidade. Estiveram presentes profissionais das áreas de marketing, publicidade, jornalismo e relações públicas, que atuam nas mais diversas mídias, agências de comunicação e empresas. O seminário debateu, em oito plenárias e com 39 palestrantes, temas como o comprometimento e a responsabilidade desses profissionais, as pressões do consumidor consciente, a cultura de valores, o papel da tecnologia e o poder das novas midias, a comunicação estratégica e a interação midiática na Web 2.0. A feira recebeu 50 expositores.

Segundo Paula Faria, diretora da Sator, empresa organizadora de eventos, a expectativa era mobilizar o maior número possível de profissionais do mercado de marketing e comunicação. “Para isso, fechamos várias parcerias, com vários veículos de divulgação. Nossa intenção foi trazer esses profissionais para sensibilizá-los com a causa, mas com uma proposta que faça sentido para eles, já que grande parte não está acostumada com esse universo e seu vocabulário técnico.O seminário teve um formato inovador e um conteúdo atrativo, como um dos seus pontos fortes. “Conseguimos levar ao público um debate envolvente, onde todos tiveram espaço, que resultou em um feedback muito positivo”, avaliou Paula. Ao final ficou a certeza de que os profissionais de marketing e comunicação tem um papel preponderante na formação dos consumidores. “Queremos mostrar para esses profissionais que eles podem sensiblizar seus clientes em relação às causas sociais. Essa é uma das funções da comunicação e do marketing. Eles podem fazer isso eficiência e atitude”, diz ela.

Luciana Pereira, publicitária, que veio de Cuiabá (MT), ficou satisfeita com o evento.“Vim com a expectativa de um evento mais formal, mas não foi. Eu aprendi muito com os profissionais de qualidade que passaram por aqui e percebi que, apesar de não estar em um grande centro, como São Paulo, estou antenada nas coisas que estão acontecendo ”. Luciana acha importante participar desse tipo de acontecimento, voltado para coisas em que acredita como tranparência, verdade e honestidade. “Nosso papel como comunicadores é mudar para melhor e tudo que vi aqui me faz crer que estamos no caminho certo, dando valor ao que merece e compartilhando as experiências positivas”, finalizou.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Um dia mundial do meio ambiente inspirador

Por Celso Dobes Bacarji

Já que estamos na semana do meio ambiente, não custa nada falar um pouco de inspiração, especialmente inspirado pelo professor José Goldemberg, que abriu o painel “Projetos mobilizadores e comunicação estratégica”, realizado hoje, último dia do Seminário de Marketing Sustentável, realizado pela Unomarketing, na Fecomércio, em São Paulo.

O destaque foi frase utilizada pelo professor Goldemberg para expressar a sua indignação em relação à forma como o homem vem tratando o meio ambiente: “Estamos vivendo uma experiência planetária, mudando a composição da atmosfera e isso é terrível”. Para o professor, a única inspiração que a nossa sociedade pode ter, nesta semana do meio ambiente, é a de mobilizar-se “e cobrar das autoridades medidas que minimizem os impactos ambientais e sociais” e, das empresas, cobrar a publicação anual de um relatório de impacto ambiental de suas operações e as medidas adotadas para minimizá-las.

Uma palestra nada otimista. Na verdade, o conceituado físico brasileiro deu 50 anos para o esgotamento das fontes energéticas do Planeta. Ficou uma impressão de que iniciamos uma catástrofe e tanto para um ambiente com mais de 6 bilhões de pessoas, mesmo que leve os 50 anos. Principalmente quando Goldemberg fez a pergunta que ninguém responde: “O que sobrará para as próximas gerações?”

Nos dois dias do seminário da Unomarketing ninguém procurou responder a essa pergunta diretamente, mas no fundo estivemos ali todos querendo saber o que podemos fazer para evitar que essa “profecia” científica se cumpra. O que se ouviu foi que podemos fazer muito. O próprio professor Goldemberg deixou claro que o papel da comunicação é fundamental. Helio Mattar, do Instituto Akatu, reconheceu que a mídia tem contribuído para a mobilização da sociedade, inclusive nas classes C e D.

Discutiu-se, claro, as condições em que essa comunicação vem sendo produzida. O jornalismo admitiu que precisa trazer para o debate pautas importantes sobre a sustentabilidade; o “marketing verde”, que virou moda e vem fazendo a cabeça das empresas para os investimentos em projetos sociais e ambientais, reconheceu que a transparência é fundamental; assim como os publicitários se mostraram conscientes das novas relações entre os consumidores e as marcas dos produtos e a importância que isso passou a ter sobre as práticas da propaganda.

Mas o tema que alinhavou os debates, dentro das plenárias e fora delas, no seminário da Unomarketing, foi o papel da internet, a caçula das mídias e a que mais impactos vem provocando na mobilização da sociedade em torno do tema da sustentabilidade. A Web 2.0 e a chamada “social media”, que coloca em ebulição os profissionais de comunicação em todo o mundo, parece ter derrubando de vez o muro da comunicação unilateral. Em breve não se saberá mais quem está de que lado, no famoso processo de comunicação “emissor, canal, receptor”, tão popular na era pré-internet.

Quer saber mais? Está tudo aí no blog. Leia, comente, critique, relate sua experiência. “A hora é agora”, para voltar ao professor Goldemberg, que inspirou o início desse artigo.

Mentira tem perna curta

Por Fabrício Ângelo

A palavra Greenwashing tem sido usada pelo mercado publicitário há alguns anos. O termo é um neologismo que traduz antigas práticas de desinformação disseminadas por algumas organizações, ou seja, manipulação de informação de forma a favorecer a imagem da empresa - geralmente com relação ao meio ambiente. O tema foi debatido no painel “Projetos mobilizadores e comunicação estratégica”, do Seminário de Marketing Sustentável.

Segundo Davis Tenório, sócio presidente do grupo Eco Negócios Sustentáveis, um dos debatedores, esse pode ser o fim de muitas empresas. “No mundo de hoje o consumidor está atento aos passos das empresas; não adianta ser o que não é pois, mais cedo ou mais tarde, a farsa é descoberta”, disse.

Para Tenório, nenhum empresário pode pensar em manter seu negócio sem ter como base três pilares: o social, o ambiental e o econômico. “Para tentar manter essa imagem de bom moço, gasta-se mais com a propaganda do que com a ação; esse tipo de atitude tem de acabar; as tecnologias estão levando mais transparência às relações entre empresa e público, quem não se der conta disso está com os dias contados”.

Ainda na opinião de Davis Tenório, deve existir um cuidado, principalmente por parte da mídia, para que o termo sustentabilidade não se torne cansativo. “Hoje todo mundo se denomina sustentável, pois é o conceito da moda. Mas, como já disse, o consumidor está atento a tudo e a troca de informações entre as pessoas está mais eficiente”, declarou.

Ricardo Voltolini, Publisher da revista Ideasocioambiental, outro painelista, acredita que a técnica de maquiar ações sociais está sendo extinta e abominada pela mídia. “A empresa que hoje se dispõe a fazer Greenwashing está sacramentando a extinção de sua marca futuramente!”. De acordo com Voltolini, até 2006 o conceito de sustentabilidade só era conhecido por ambientalistas, pesquisadores e algumas empresas que estavam a frente do seu tempo. “Hoje podemos dizer que a questão ambiental virou papo de botequim, graças, principalmente, ao sensacionalismo da divulgação do Relatório do IPCC em 2006”, afirmou.

Mesmo assim, em sua opinião, o aumento da percepção da necessidade de trabalhar pelas causas sociais e ambientais não é suficiente. “Isso só está acontecendo por medo ou culpa, pois estamos aprendendo a duras penas que ou mudamos nosso modo de consumo ou os recursos se acabarão”, salientou Ricardo.
Ele reconhece que várias empresas já começaram a pensar suas estratégias de maneira sistêmica, preocupando-se não apenas com o produto mas com toda a sua cadeia de produção. “Quando a empresa ouve o que o público pensa ela mostra que não quer ser sustentável apenas como um diferencial politicamente correto, mas como pré-condição de sua atuação. A gestão sustentável de produção será daqui a alguns anos como um controle de qualidade obrigatório”, concluiu.

Para Goldemberg, a hora da mudança é agora

Por Fabrício Ângelo

Desde a Revolução Industrial o homem está mudando irreversivelmente o planeta, e maleficamente. Chegou o momento de a sociedade rever suas ações e corrigir seus erros enquanto ainda há tempo. O alerta foi feito pelo professor José Goldemberg, ex ministro da Educação e ex-secretario de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, na abertura do painel “Projetos mobilizadores e comunicação estratégica”.

Para Goldemberg, o que o homem mais aprendeu a fazer nos últimos séculos foi dizimar seus semelhantes. “Agora, é preciso entender que ao destruir os recursos naturais, o ser humano está colocando em risco a sua própria existência”, disse ele, citando sua própria história de questionamentos em relação à sustentabilidade de nossa sociedade, que começou em 79, com a crise do petróleo.

“Eu sou físico nuclear, mas quando trabalhava na área nunca me preocupei com a temática ambiental. Somente depois da crise revi meus conceitos. Estamos vivendo uma experiência planetária, mudando a composição da atmosfera e isso é terrível”, afirmou Goldemberg. Desde o final do século 18, a quantidade de dióxido de carbono no ar aumentou em mais de 8%, o que vem causando aumento do nível do mar e da temperatura da Terra. “Não é pouca coisa. Somos mais de 800 milhões de habitantes morando em zonas litorâneas, isso pode ser o prenuncio de um desastre!”, avisou.
De acordo com o ex-ministro, a hora de iniciar um desenvolvimento que seja sustentável é agora. “Nossas fontes energéticas se acabarão em cinqüenta anos, se continuarmos consumindo dessa maneira. O que sobrará para as próximas gerações? Questiona Goldemberg.

Nesse contexto, para o professor, a comunicação tem papel fundamental na sensibilização da população em relação ao tema. “A sociedade tem de cobrar das autoridades medidas que minimizem os impactos ambientais e sociais, e para isso precisam estar bem informados. Hoje ser defensor da sustentabilidade é politicamente correto, mas também pode ser sinônimo de hipocrisia”. Goldemberg sugeriu que mídia e população cobrem das empresas um “balanço de sustentabilidade” onde ela mostraria os impactos de seus processos produtivos ano a ano tentando minimizá-los.

Pequena empresa luta para ser sustentável

Por Glória Vasconcelos


Há um ano a Engeve, empresa que trabalha há 20 anos com infraestrutura hidráulica e elétrica de eventos, contratou a ecóloga Yaci Ferreira para planejar as suas ações ambientais. Mas, as dificuldades ainda são grandes para uma empresa de pequeno porte. Dentre os vários projetos que a Engeve planeja desenvolver, está o de utilização de gerador de energia alimentado por biodiesel. Depois de várias pesquisas no mercado, Yaci constatou que as opções são poucas. Os geradores disponíveis atualmente no mercado, movidos a biodiesel, são domésticos e não servem, por exemplo, para um evento de grande porte. Os geradores de porte grande usam uma quantidade pequena de biodiesel, que não passam de 2 a 3%, tornando o projeto da Engeve inviável, por enquanto. A empresa vem adotando a prática de reaproveitamento de materiais. Segundo Yaci, cerca de 98% dos materiais utilizados pela Engeve, tais como canos e cabos são reaproveitáveis. A parte interna dos equipamentos é construído de forma planejada para cada evento, buscando reduzir as perdas de energia.

Web 2.0, a radicalização da comunicação

Por Fabrício Ângelo

No segundo dia de debates do Seminário de Marketing Sustentável, promovido pela Unomarketing, não restam dúvidas de que a palavra chave no relacionamento das empresas com os seus stakeholders, atualmente, é a “transparência”, trazida à cena principalmente com o advento da internet.

Julio Duram, diretor de concepção e interface do Universo Online (UOL), em sua exposição, observa que a grande rede mundial de computadores radicalizou a comunicação, não por imposição, mas por absorção, isto é, estabeleceu uma relação mais democrática, permitindo que o público interaja com o que quiser, com quem quiser e a hora que lhe for mais conveniente. Ele lembra que a Web 2.0 permite a troca de informação não apenas entre o consumidor e empresa, mas também entre os consumidores, o que força a transparência tão necessária nesse novo modelo de gestão.

Evidentemente, o publico jovem é o mais beneficiado por essa nova comunicação, que, em sua atual fase, a chamda Web 2.0, aprofundou a interatividade, através das redes sociais, comunicadores instantâneos e e-mails. Para os jovens, nascidos ao mesmo tempo em que essas ferramentas foram planejadas há uma grande facilidade em se adapatar a elas e às suas atualizações.

“Isso significa uma troca de papéis. Agora os protagonistas são os internautas e não as empresas de mídia. São eles que informam e também criticam essas informações. É a chamada geração internet”, disse Duram. A Web 2.0 é a internet social , engaja as pessoas, trabalha com temas sociais”. Mas é também uma ferramenta de negócios entre empresas e publico, imprescindível para as empresas que querem sobreviver no atual ciclo econômico.

Para Duran, entender o processo de marketing social tem sido um diferencial para alguns negócios. “A transparência da marca é uma estratégia de relacionamento. A interação entre o produto e o cliente faz com que a satisfação individual se torne uma satisfação coletiva. O mais importante é que o mercado entenda que as redes sociais hoje são a ferramenta comunicacional mais importante em uma economia que vem tomando rumos desconhecidos”, finalizou Julio Duram.

Novas tecnologias aproximam o consumidor da produção

Por Fabrício Ângelo

As novas tecnologias têm mudado o comportamento humano e a sua forma de se relacionar, com inúmeras implicações para as empresas, que se tornaram mais suceptíveis à opinião pública, Hoje, o consumidor está mais exigente e participa muito mais da produção dos bens que consome, obrigando as empresas a se redefinirem e se tornarem mais transparentes em suas ações, na opinião do diretor presidente da Agência Click, Abel Reis, palestrante inspirador do primeiro painel de hoje, na Feira Unomarketing, "Novas Tecnologias, velocidade e poder".

Os e-mail, os softwares opensources, os sites de compra, como Amazon e E-Bay, e os de relacionamentos criaram novos modelos de interação entre empresas e público alvo. “Vejo três idéias que podem ser aplicadas à essas novas formas de relação: a primeira é a formação de uma gramática de uso, isto é, uma linguagem onde produtor e comprador se entendam facilmente; a segunda, o aumento do relacionamento em tempo real e, por fim, maior preocupação com a resolução de problemas.
Para Lia Diskin, representante da Associação Palas Athenas, a idéia de tempo mudou muito depois do advento da internet. “É uma nova maneira de lidar com a realidade. Os modelos de tempo e relação social mudaram”. Para ela, a ampliação desse modelo é necessária, pois é uma forma de informação que não depende de questões políticas ou econômicas. “É preciso mostrar ao mundo que temos de baixar o consumo e pressionar os países desenvolvidos a fazer o mesmo, porque senão nossos recursos se acabarão logo. Uma democracia mais participativa é a solução, os meios de comunicação tem de ser mais democráticos também, mostrando que antes da satisfação dos desejos está o provimento das necessidades”, finalizou.
Trabalhando há muitos anos na área de comunicação pública, Felipe Soutelo, presidente da Fundação Prefeito Faria Lima, prevê ainda muitos problemas decorrentes do acesso irrestrito às novas tecnologias. “Me assusta pensar que uma pessoa leia apenas o que lhe interessa, perdendo a percepção do todo. Isso alimenta uma dinâmica de individualismo em um mundo que necessita de modelos de coletividade”, diz ele.

Outro aspecto preocupante decorrente das novas tendências da comunicação, em tempos de midias eletrônicas, segundo Soutelo é a falta de capacitação de grande parte da população para uma avaliação crítica das transformações que vem ocorrendo. “Como saber se as pessoas que tem menos acesso a essas tecnologias sabem discernir entre a verdade e o estelionato? No âmbito político, muitos países oferecem o acesso em massa da população às tecnologias mas continuam a ver o seu futuro sendo decidido por 15% a 20% dos eleitores, apenas aqueles que se interessam por assuntos públicos. Para Soutelo, é preciso ter cuidado com o exagero consumo tecnológico, principalmente aqueles que não podem ser consumidos por todos. “Temos que pensar em como garantir o acesso de todos nesse processo, que ai sim se tornará democrático e eficiente”, concluiu.

Os conflitos devem favorecer a convergência da empresa com o cliente

Por Fabrício Ângelo

As novas mídias, que permitem uma comunicação direta da empresas com o sociedade, favorecem também, o surgimento de novas situações de conflitos com os consumidores. Muitas empresas não sabem ainda como enfrentar essa situação. Para o fundador da Thymus Branding, Ricardo Guimarães, não existe marca de sucesso que não passe por situações de conflito com o consumidor, no entanto, em sua opinião, elas devem ser encaradas como uma oportunidade de aprofundar o relacionamento da empresa com o seu mercado. “Somente quando nos deparamos com esses conflitos é que amadurecemos o relacionamento entre consumidor e empresa”, explicou Guimarães, falando no painel “Ética e educação para formar uma nova cultura de valores”, ontem, na Feira do Unomarketing.

Para ele, esse tipo de conflito fortalece a convergência da marca com seu público alvo. “Não adianta falar em branding se o consumidor não se sente confortável para reclamar de seu produto preferido. Tem de haver essa cumplicidade e confiança”, diz Guimarães, observando que a ética está intrinsecamente ligada a essa parceria, pois somente com uma relação transparente é que a marca consegue manter sua força. “Isso é construir relacionamento de longo prazo. Conhecendo seus clientes você pode melhorar muito suas negociações, tornando seu potencial de risco muito menor”, esclarece o fundador da Thymus.

"Midia de massa tem contribuído com a sustentabilidade"

Por Fabrício Ângelo

Para o diretor presidente do Instituto Akatu, Helio Mattar, a mídia é fundamental para a sensibilização da sociedade em relação ao consumo consciente e está contruibuindo para isso. Ele justifica sua afirmação, em pleno Unomarketing, lembrando a pesquisa feita pela instituição que dirige, uma ong que busca o consumo consciente, cujos resultados mostraram que 57% dos consumidores conscientes são das classes C e D. "Isso prova que o rádio, o jornal e a televisão tem conseguido levar à população idéias de sustentabilidade, temas ambientais como água, energia e biodiversidade", diz ele. E lembra que existem também as mídias alternativas e especializadas que crescem a cada ano, sempre a favor da sustentabilidade. Para Mattar, isso justifica o crescimento do consumo consciente no Brasil, modificando a relação entre consumidor e empresas. Ele observa que "a mesma pesquisa revelou um aumento significativo na escolha por produtos de empresas reconhecidamente responsáveis socialmente, além de maior exigência da sociedade quanto a transparência das ações dessas empresas”.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Na hora do marketing, o importante é a transparência

Para Yacoff Sarcovas "É imprescindivel alinhar a prática ao discurso".

Por Fabrício Ângelo

A moda da sustentabilidade vem fazendo com que empresas e agências de publicidade invistam no chamado “Marketing Ambiental”, por meio de financiamentos a projetos sociais e ambientais. Mas o consumidor está atento e vem exigindo responsabilidade e transparência das empresas, como ficou claro no painel “Processos criativos x valores, sentimentos e emoções: qualidade e comprometimento com o resultado”, realizado na Feira Unomarketing.

Segundo Yacoff Sarcovas, presidente da agência Significa, essa tendência vem crescendo, principalmente devido à pressão do consumidor por maior transparência nas atividades das empresas. “A chamada atitude de marca veio para ficar; não é mais possível iludir o consumidor com promessas vazias”, afirmou Sarcovas. Para ele, é imprescindível alinhar a prática ao discurso. “As empresas também estão mudando seu conceito de responsabilidade social. Estão realmente abraçando as causas que patrocinam. A agenda da sustentabilidade está na pauta de todas as reuniões corporativas, não tem como fugir”.

A agência de Sarkovas é especializada em atitude de marca que, conforme ele, nada mais é do que agir antes de falar. “O importante é agregar a marca ao conteúdo social que ela financia. Hoje, toda grande empresa tem interesse em apoiar eventos e projetos socialmente responsáveis, seja cultural, ambiental ou esportivo”. Yacoff cita a atitude de marca como uma forma responsável do anunciante de comunicar sua ações. “Isso sem grande alarde; o público conhece quem realmente faz a diferença e quanto maior o progresso na agenda da sustentabilidade maior a consistência da marca”, explicou.

Com a experiência adquirida, o publicitário definiu alguns princípios da atitude de marca, tais como “visibilidade com responsabilidade, bons resíduos e zero detritos, compromisso com a verdade, peso equilibrado na divulgação, repasse de bonificação e remuneração transparente”. Uma comunicação eficaz da atitude de marca expressa os valores da marca, respeita e mobiliza seu público, tem abordagem simples e, principalmente, trabalha com temas de interesse público”, afirmou.

Para Antonio Peres, da Peres & Partners de Portugal, o mais importante é que esses anúncios tenham transparência, pois o consumidor está cada vez mais próximo da informação, principalmente após a internet. “Temos que parar de achar que somos a alma do negócio. Hoje somos os caçadores de almas, em uma busca frenética por anunciantes, no momento em que as ações de responsabilidade social tem mais importância que um anúncio. Na Europa, elas são exigidas das empresas e cada vez serão mais cobradas”, ressaltou.

Peres afirmou que quando a Responsabilidade Social agregou novas áreas além da ambiental, mobilizou estruturas financeiras e políticas. “Atualmente, com uma sociedade mais organizada e esclarecida, a empresa precisa mostrar que se solidariza com os problemas de seu público e não apenas com os seus”, concluiu.

Unomarketing traz gente nova ao debate da sustentabilidade

Por Redação

Uma das queixas mais freqüentes entre ambientalistas e militantes da sustentabilidade, é a incapacidade do movimento em levar novos atores para a discussão de conceitos e práticas do desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente correto. O Unomarketing, que reúne mais de 300 pessoas no auditório da Fecomércio, em São Paulo, está conseguindo quebrar este tabu. Profissionais de comunicação, principalmente ligados ao marketing e a publicidade, estão avançando na busca de caminhos que permitam mostrar as qualidades de seus clientes sem a utilização de mecanismos de greenwashing.

É a primeira vez que agencias de comunicação se vêem na contingência de avaliar conteúdos com critérios que vão alem da simples venda de imagem. É preciso incorporar valores socioambientais e éticos, de forma transparente e sem medo de estabelecer processos de comunicação de mão dupla.

O Unomarketing vai até o dia 4 de junho, em São Paulo.

Evento discute o papel da comunicação na sensibilização socioambiental dos cidadãos

Palestrantes de painel cobram maior comprometimento dos cidadãos com as causas sociais

Por Fabrício Ângelo

A partir de hoje e até o dia 03 de junho, cerca de 1.600 pessoas se reúnem na sede da Federação de Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) durante a I Feira e Seminário de Marketing Sustentável Unomarketing: Comunicação Consciente.

O painel “Além da redação: estou comprometido com a minha responsabilidade” abriu o evento na manhã dessa terça-feira. Com a presença do engenheiro colombiano Jaime Jaramillo, fundador da entidade Fundácion Ninõs de Los Andes (Crianças dos Andes) o painel discutiu o papel de cidadãos e empresas no processo de sensibilização dos graves problemas sociais que atingem as metrópoles mundiais. Segundo Jaime, que foi indicado ao Prêmio Nobel em 1990, estamos morrendo sem termos vivido. “ Temos que nos observar interiormente e refletir se somos felizes conosco e não ficar esperando que as coisas se resolvam. Todos tem sua cota de responsabilidade na transformação da sociedade e do planeta”, disse.

Uma platéia emocionada assistiu a dois vídeos feitos pela equipe de Jaramillo na abertura da palestra. Um mostrava a situação desumana de crianças que vivem nos esgotos de Bogotá, onde de acordo com ele não existe dia ou noite. “Uma vez uma dessas crianças me perguntou porque ele com apenas 11 anos tinha que passar por tanta dor e miséria eu não soube responder”, falou. O segundo vídeo mostrou como funciona a entidade social criada por ele e contou com depoimentos de ex-internos que foram tirados da rua e hoje são grandes profissionais. “Momentos como esse me fazem refletir sobre a falta de comunicação que existe dentro de família inteiras, estamos tão preocupados em ganhar dinheiro que esquecemos de dividir nosso tempo com quem realmente é importante em nossas vidas”, alertou.

Um natal inesquecível
Foi durante o Natal de 1973 que Jaime Jaramillo teve o sonho de poder ajudar as crianças abandonadas do centro de Bogotá. Conforme o engenheiro, após se deparar com uma criança abandonada e acidentada, ele começou a pedir o auxilio de amigos que contribuíram com brinquedos e comida para que fossem distribuídos. O sonho de Jaramillo, de transformar a vida dessas crianças, se tornou realidade em 1988, com a fundação da Niños de Los Andes.

“Nunca, nunca, nunca podemos deixar de sonhar. Compartilhar com quem precisa de ajuda traz a paz interior e a esperança àqueles que sonham em ter uma vida digna, porque somos o resultado daquilo que a sociedade nos proporciona”, afirmou o Papa Jaime.

Para Albert Alcoulombre Junior, da Central Globo de Comunicação, o cenário visto na Colômbia também ocorre rotineiramente nas regiões metropolitanas brasileiras. “Essa crise que atinge o mundo vem mostrando a fragilidade das nações diante de um sistema econômico que está em xeque. Não apenas financeiramente, mas principalmente de valores humanísticos”, disse.

Albert Junior enfatizou que esse cenário torna mais fácil o entendimento e a absorção desses valores pela população e faz com que muitas pessoas já se sensibilizem quanto a um modo de vida sustentável. “O comunicador tem um novo papel, fundamental, diga-se de passagem, nesse período de transição dos conceitos sociais. Desde a Rio92, não temos a oportunidade de trazer para as redações pautas fortes, com esse enfoque. É nosso dever trazer para o debate temas como consumo consciente e pobreza extrema, mostrando para a população que as ações em torno das causas sociais são exercícios de cidadania”, ressaltou.

Rediscutir o papel do comunicador , como profissional e ser humano, deve ser uma das metas das escolas de jornalismo. Essa a é opinião de Eraldo Carneiro, gerente de planejamento e gestão de comunicação da Petrobras. Para Carneiro, uma transformação cultural na gestão comunicacional das empresas é necessária. “Tanto a comunicação com os consumidores quanto com os empregados deve mudar, principalmente exercendo uma função educativa, produzindo conteúdos alternativos aos modelos tradicionais”, disse ele.

Eraldo sugeriu uma intensa mudança nos conteúdos programáticos dos cursos de jornalismo, principalmente na formação humanística. “É necessária uma nova comunicação institucional que desmistifique o lucro a qualquer preço, uma mudança de paradigma, que sensibilize funcionários e consumidores para as demandas sociais do lugar em que vivem”, finalizou.