terça-feira, 2 de junho de 2009

Evento discute o papel da comunicação na sensibilização socioambiental dos cidadãos

Palestrantes de painel cobram maior comprometimento dos cidadãos com as causas sociais

Por Fabrício Ângelo

A partir de hoje e até o dia 03 de junho, cerca de 1.600 pessoas se reúnem na sede da Federação de Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) durante a I Feira e Seminário de Marketing Sustentável Unomarketing: Comunicação Consciente.

O painel “Além da redação: estou comprometido com a minha responsabilidade” abriu o evento na manhã dessa terça-feira. Com a presença do engenheiro colombiano Jaime Jaramillo, fundador da entidade Fundácion Ninõs de Los Andes (Crianças dos Andes) o painel discutiu o papel de cidadãos e empresas no processo de sensibilização dos graves problemas sociais que atingem as metrópoles mundiais. Segundo Jaime, que foi indicado ao Prêmio Nobel em 1990, estamos morrendo sem termos vivido. “ Temos que nos observar interiormente e refletir se somos felizes conosco e não ficar esperando que as coisas se resolvam. Todos tem sua cota de responsabilidade na transformação da sociedade e do planeta”, disse.

Uma platéia emocionada assistiu a dois vídeos feitos pela equipe de Jaramillo na abertura da palestra. Um mostrava a situação desumana de crianças que vivem nos esgotos de Bogotá, onde de acordo com ele não existe dia ou noite. “Uma vez uma dessas crianças me perguntou porque ele com apenas 11 anos tinha que passar por tanta dor e miséria eu não soube responder”, falou. O segundo vídeo mostrou como funciona a entidade social criada por ele e contou com depoimentos de ex-internos que foram tirados da rua e hoje são grandes profissionais. “Momentos como esse me fazem refletir sobre a falta de comunicação que existe dentro de família inteiras, estamos tão preocupados em ganhar dinheiro que esquecemos de dividir nosso tempo com quem realmente é importante em nossas vidas”, alertou.

Um natal inesquecível
Foi durante o Natal de 1973 que Jaime Jaramillo teve o sonho de poder ajudar as crianças abandonadas do centro de Bogotá. Conforme o engenheiro, após se deparar com uma criança abandonada e acidentada, ele começou a pedir o auxilio de amigos que contribuíram com brinquedos e comida para que fossem distribuídos. O sonho de Jaramillo, de transformar a vida dessas crianças, se tornou realidade em 1988, com a fundação da Niños de Los Andes.

“Nunca, nunca, nunca podemos deixar de sonhar. Compartilhar com quem precisa de ajuda traz a paz interior e a esperança àqueles que sonham em ter uma vida digna, porque somos o resultado daquilo que a sociedade nos proporciona”, afirmou o Papa Jaime.

Para Albert Alcoulombre Junior, da Central Globo de Comunicação, o cenário visto na Colômbia também ocorre rotineiramente nas regiões metropolitanas brasileiras. “Essa crise que atinge o mundo vem mostrando a fragilidade das nações diante de um sistema econômico que está em xeque. Não apenas financeiramente, mas principalmente de valores humanísticos”, disse.

Albert Junior enfatizou que esse cenário torna mais fácil o entendimento e a absorção desses valores pela população e faz com que muitas pessoas já se sensibilizem quanto a um modo de vida sustentável. “O comunicador tem um novo papel, fundamental, diga-se de passagem, nesse período de transição dos conceitos sociais. Desde a Rio92, não temos a oportunidade de trazer para as redações pautas fortes, com esse enfoque. É nosso dever trazer para o debate temas como consumo consciente e pobreza extrema, mostrando para a população que as ações em torno das causas sociais são exercícios de cidadania”, ressaltou.

Rediscutir o papel do comunicador , como profissional e ser humano, deve ser uma das metas das escolas de jornalismo. Essa a é opinião de Eraldo Carneiro, gerente de planejamento e gestão de comunicação da Petrobras. Para Carneiro, uma transformação cultural na gestão comunicacional das empresas é necessária. “Tanto a comunicação com os consumidores quanto com os empregados deve mudar, principalmente exercendo uma função educativa, produzindo conteúdos alternativos aos modelos tradicionais”, disse ele.

Eraldo sugeriu uma intensa mudança nos conteúdos programáticos dos cursos de jornalismo, principalmente na formação humanística. “É necessária uma nova comunicação institucional que desmistifique o lucro a qualquer preço, uma mudança de paradigma, que sensibilize funcionários e consumidores para as demandas sociais do lugar em que vivem”, finalizou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário